Saímos cedo debaixo de chuva. Júnior me trouxe até a Estação Ciência para acompanhar o último dia do Seminário: Séculos
Indígenas.
Evento que trata das questões que envolvem o empoderamento da
população indígena de seus direitos e questões ligadas a terra, a violência,
bem como sobre a aplicação da lei 11.645 que diz respeito à implementação da
história indígena nas escolas.
Enfrentamos uma chuva incomum, o vidro do carro
embaçado, a ansiedade. Tínhamos que chegar lá pra que Jr. conseguisse voltar
para chegar ao trabalho.
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| Arte: André Vallias |
Êhhh!
Caboclo de pena.
Êhhh!
Deus Tupã.
O Capitão, potiguara, fala sobre as leis de demarcação.
Entre Estevão, professor da pós-graduação em Antropologia, Lúcia Guerra, a
aparição do fotógrafo João Ripper, contextualizam o ponto posto sobre a
relação: terra e violência.
São invocados os xucurus de Pernambuco, Cacique Chicão,
Marquinhos xucuru, Cacique Babau, tupinambá de Olivença, próximo a Boirarema e
Ilhéus, no sudoeste da Bahia, os tuxá de rodelas, outros povos da terra
indígena de São Miguel, na Baía da Traição. Potiguara, Tabajara. Cacique Aníbal
que já houvera lembrado sete tiros, e mesmo assim ainda não havia morrido, foi
lembrado junto com cacique Guego.
Ailton Krenak se posiciona acerca do capitalismo, como
guerra e genocídio, transformando a relação da sociedade ocidental com os
índios no processo em que se dá o aldeamento e formação de campos de
concentração.
– Recorro a um poema de Aimé Cesaire.
Enquanto isso, Eu começo a ler sobre Langston Hughes. Vaga a leitura sobre Claude Mckay, poeta Jamaicano, Jaques Hormain, caribenho, Nicolás Gullén Cubano, Laurence Dunbar e sua Ode à Etiópia. Penso no acompanhamento para a leitura de “The Weary Blues”. No Harlem nasceu um Shakespeare. Langston é o Hamlet negro.
Os Ianomâmi da Venezuela. São exemplos de confisco
linguístico e do sistema religioso.
Fala-se da Barra do Gramame. (Algum tempo depois cheguei a
ver com os próprios olhos o encontro do rio com o mar, no extremo oriente do
continente, como se daqui pode-se fazer o caminho inverso do colonizador).
Reaparece-me – A lembrança da leitura de Todorov, A
conquista da América. E no fundo de tudo isso, o mito, o rito e a reverência
xamanística. (acabei a usar rapé soprado pelo cacique Álvaro Tukano ).
Continuo, meditando e me perguntando sobre “A História dos
Homens” e o roubo da história dos Guarani-Kayóa e das narrativas potiguaras.
Avança cada vez mais o reconhecimento de que o Brasil é um
Estado inventado. Aldeia Maracanã. Tapeba, Fortaleza. Na transfiguração entre a
modernidade e o Brasil Profundo, persiste o oximoro: Terra X Território. Aí
parecem em cena, o SPI- o sistema de proteção aos índios e outras entidades
como a FUNAI e o ISA.

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