domingo, 24 de agosto de 2014

Por uma sociologia indígena

Saímos cedo debaixo de chuva. Júnior me trouxe até a Estação Ciência para acompanhar o último dia do Seminário: Séculos Indígenas. 
Evento que trata das questões que envolvem o empoderamento da população indígena de seus direitos e questões ligadas a terra, a violência, bem como sobre a aplicação da lei 11.645 que diz respeito à implementação da história indígena nas escolas. 

Enfrentamos uma chuva incomum, o vidro do carro embaçado, a ansiedade. Tínhamos que chegar lá pra que Jr. conseguisse voltar para chegar ao trabalho.


Arte: André Vallias


Êhhh! Caboclo de pena.   
                                                                                                                     Êhhh! Deus Tupã.

O Capitão, potiguara, fala sobre as leis de demarcação. Entre Estevão, professor da pós-graduação em Antropologia, Lúcia Guerra, a aparição do fotógrafo João Ripper, contextualizam o ponto posto sobre a relação: terra e violência.

São invocados os xucurus de Pernambuco, Cacique Chicão, Marquinhos xucuru, Cacique Babau, tupinambá de Olivença, próximo a Boirarema e Ilhéus, no sudoeste da Bahia, os tuxá de rodelas, outros povos da terra indígena de São Miguel, na Baía da Traição. Potiguara, Tabajara. Cacique Aníbal que já houvera lembrado sete tiros, e mesmo assim ainda não havia morrido, foi lembrado junto com cacique Guego.

Ailton Krenak se posiciona acerca do capitalismo, como guerra e genocídio, transformando a relação da sociedade ocidental com os índios no processo em que se dá o aldeamento e formação de campos de concentração.

– Recorro a um poema de Aimé Cesaire. 
       Assisti o debate pela manhã e agora aguardo o recomeço da sessão vespertina. 
Enquanto isso, Eu começo a ler sobre Langston Hughes. Vaga a leitura sobre Claude Mckay, poeta Jamaicano, Jaques Hormain, caribenho, Nicolás Gullén Cubano, Laurence Dunbar e sua Ode à Etiópia. Penso no acompanhamento para a leitura de “The Weary Blues”. No Harlem nasceu um Shakespeare. Langston é o Hamlet negro.

Os Ianomâmi da Venezuela. São exemplos de confisco linguístico e do sistema religioso.

Fala-se da Barra do Gramame. (Algum tempo depois cheguei a ver com os próprios olhos o encontro do rio com o mar, no extremo oriente do continente, como se daqui pode-se fazer o caminho inverso do colonizador).

Reaparece-me – A lembrança da leitura de Todorov, A conquista da América. E no fundo de tudo isso, o mito, o rito e a reverência xamanística. (acabei a usar rapé soprado pelo cacique Álvaro Tukano ).
Continuo, meditando e me perguntando sobre “A História dos Homens” e o roubo da história dos Guarani-Kayóa e das narrativas potiguaras.

Avança cada vez mais o reconhecimento de que o Brasil é um Estado inventado. Aldeia Maracanã. Tapeba, Fortaleza. Na transfiguração entre a modernidade e o Brasil Profundo, persiste o oximoro: Terra X Território. Aí parecem em cena, o SPI- o sistema de proteção aos índios e outras entidades como a FUNAI e o ISA.




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