Tomando por base a leitura de Razão e Revolução, de Hebert Marcuse, evidencia-se acerca da obra
de Hegel a aparição na história da filosofia de uma contribuição ímpar,
partindo do pressuposto de que no seu sistema de pensamento filosófico se
apresenta delineando um panorama da cosmogonia política-histórica e
teórico-social moderna, de natureza fundada nas raízes do idealismo alemão.
Tendo
influenciado Marx desde seu método de desenvolvimento da interpretação da
dinâmica societal, através do aprofundamento da abordagem sócio-histórica
consubstanciado na dialética. A Filosofia Política alemã pois que é a grande
obra de análise crítica de Marx, já que se configura no método materialista
histórico dialético para subsumir a sua inversão teórica da formulação filosófica da dialética
hegeliana, vista criticada e veementemente
combatida a aplicação desses princípios na economia política de
Proudhon, a dialética cega, esse idealismo metafísico caduco. Assim é o soerguimento
do pensamento ácido que produz a cultura germânica até as
dissonantes harmonias wagnerianas escutadas por Nietzsche.
De tal forma que sua
produção intelectual se configura enquanto advento da literatura filosófica em
vias de se reconfigurar enquanto paradigma de atualização da potência analítica
da sociedade.
Nos escritos hegelianos, encontra-se de fato uma arquitetura
complexa da realidade social. Assim emergem três entes em constante simbiose e
envolvidos num macroprocesso de hibridismo; a) o individuo; b) a razão; c) o
Estado; onde estas “partículas” do todo social se associam em face a tão
filosófica quanto mais que sociológica questão da liberdade.
Ou seja, de forma que se observa em Razão e Revolução, do teórico da Escola de Frankfurt, Marcuse nos traz as vistas uma bela crítica do pensamento idealista e, por conseguinte, uma releitura da obra hegeliana, sobre o “inventor” da “sociedade civil”. Não obstante, possibilitando uma aproximação no tempo filosófico e social da cosmologia contida na obra de Hegel.
Compreendendo, neste segmento de raciocínio, o modo de
apreender a realização alcançada pelo desvelamento das cortinas do
funcionamento do sistema de organização da estrutura social, que apesar de
metamorfoseada em outras tantas formas perdura até nossos dias.
Sendo por lançar as bases futurísticas da teoria social
moderna ou como cânone da história da filosofia ocidental, Hegel se mostra tão
atual quanto necessário a uma busca pelo entendimento da realidade.
Assim o confronto entre o real, o que se apresenta entre a
“consciência do indivíduo” – sua realidade subjetiva – e sua materialidade
objetiva depende, ou melhor, se manifesta através do exercício da razão numa
projeção de significados, sentidos e funções.
De tal modo, que a insurgência de um “modos operandi” para a sociedade civil concebida por Hegel ilustra
a conformação entre o sujeito e o sistema de teor econômico-capitalista em
urgência delineando novos contornos para a ideia de família e Estado.
Aliado ao surgimento imperioso do trabalho e das condições
de produção enquanto manifestação do fenômeno do ser em contato/estado de
humanidade, o processo capitalista de satisfação das necessidades de uma
sociedade em pleno processo de “criação de riquezas”, se constitui.
Por isso vislumbra-se na obra de Hegel, uma grande teoria
filosófica-sócio-histórica-política, retornando seu sentido da vida enquanto
exercício de liberdade do individuo e suas fronteiras com a sociedade civil
organizada, e por conseguinte com o Estado e seus limites face ao direito à
“propriedade privada”, encarada enquanto condição material da liberdade e a
apropriação de bens como sua consumação, tendo na liberdade, ou seja, entendida
enquanto meio através do qual a razão media a –
dialética e hibrida – relação entre o Estado e essa “associação de
indivíduos isolados” a que chamamos sociedade.
