sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Marcuse sobre Hegel em Razão e Revolução





                                Tomando por base a leitura de Razão e Revolução, de Hebert Marcuse, evidencia-se acerca da obra de Hegel a aparição na história da filosofia de uma contribuição ímpar, partindo do pressuposto de que no seu sistema de pensamento filosófico se apresenta delineando um panorama da cosmogonia política-histórica e teórico-social moderna, de natureza fundada nas raízes do idealismo alemão.

                  Tendo influenciado Marx desde seu método de desenvolvimento da interpretação da dinâmica societal, através do aprofundamento da abordagem sócio-histórica consubstanciado na dialética. A Filosofia Política alemã pois que é a grande obra de análise crítica de Marx, já que se configura no método materialista histórico dialético para subsumir a sua inversão teórica  da formulação filosófica da dialética hegeliana, vista criticada e veementemente  combatida a aplicação desses princípios na economia política de Proudhon, a dialética cega, esse idealismo metafísico caduco. Assim é o soerguimento do pensamento ácido que produz a cultura germânica até as dissonantes harmonias wagnerianas escutadas por Nietzsche.

              De tal forma que sua produção intelectual se configura enquanto advento da literatura filosófica em vias de se reconfigurar enquanto paradigma de atualização da potência analítica da sociedade.

      Nos escritos hegelianos, encontra-se de fato uma arquitetura complexa da realidade social. Assim emergem três entes em constante simbiose e envolvidos num macroprocesso de hibridismo; a) o individuo; b) a razão; c) o Estado; onde estas “partículas” do todo social se associam em face a tão filosófica quanto mais que sociológica questão da liberdade.

Ou seja, de forma que se observa em Razão e Revolução, do teórico da Escola de Frankfurt, Marcuse nos traz as vistas uma bela crítica do pensamento idealista e, por conseguinte, uma releitura da obra hegeliana, sobre o “inventor” da “sociedade civil”. Não obstante, possibilitando uma aproximação no tempo filosófico e social da cosmologia contida na obra de Hegel.

Compreendendo, neste segmento de raciocínio, o modo de apreender a realização alcançada pelo desvelamento das cortinas do funcionamento do sistema de organização da estrutura social, que apesar de metamorfoseada em outras tantas formas perdura até nossos dias.
Sendo por lançar as bases futurísticas da teoria social moderna ou como cânone da história da filosofia ocidental, Hegel se mostra tão atual quanto necessário a uma busca pelo entendimento da realidade.

Assim o confronto entre o real, o que se apresenta entre a “consciência do indivíduo” – sua realidade subjetiva – e sua materialidade objetiva depende, ou melhor, se manifesta através do exercício da razão numa projeção de significados, sentidos e funções.

De tal modo, que a insurgência de um “modos operandi” para a sociedade civil concebida por Hegel ilustra a conformação entre o sujeito e o sistema de teor econômico-capitalista em urgência delineando novos contornos para a ideia de família e Estado.

Aliado ao surgimento imperioso do trabalho e das condições de produção enquanto manifestação do fenômeno do ser em contato/estado de humanidade, o processo capitalista de satisfação das necessidades de uma sociedade em pleno processo de “criação de riquezas”, se constitui.


Por isso vislumbra-se na obra de Hegel, uma grande teoria filosófica-sócio-histórica-política, retornando seu sentido da vida enquanto exercício de liberdade do individuo e suas fronteiras com a sociedade civil organizada, e por conseguinte com o Estado e seus limites face ao direito à “propriedade privada”, encarada enquanto condição material da liberdade e a apropriação de bens como sua consumação, tendo na liberdade, ou seja, entendida enquanto meio através do qual a razão media a –  dialética e hibrida – relação entre o Estado e essa “associação de indivíduos isolados” a que chamamos sociedade.

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