Não duvido, que de toda sorte, as crises encontram seus
profetas. Com o temperamento intelectual que oscila entre escolas de pensamento,
essas famílias espirituais, e as formas de um estilo que possa conjurar
maturidade do juízo e sólido conhecimento, dribla-se o vazio dos discursos ou o
disfarce da consciência. As habilidades do pensamento para os estudos de línguas
e da literatura devem ser evocadas: a leitura (e principalmente a re-leitura)
quando houver competência, deve-se o leitor aventurar-se à via da tradução, num
misto de técnica, pesquisa e crítica, capaz de alcançar-se uma escrita em
estado de criação artística e estética.
No entanto, longe do exibicionismo literário e ainda mais
distante dos formalismos puristas e verbalismos estéreis, procura-se evitar
aqui os automatismos que deixam os cérebros de molho dispensando o pensar. Em
certos momentos da vida acadêmica, passando os primeiros anos de educação
universitária é preciso uma “tomada de posição” estética, bem como ler uma obra
em outro idioma é escrevê-la novamente. É nessa filosofia da consciência que se
faz eclodir um ser dentro do outro, que se manifesta um novo cogito, que não
possui limites, a não ser os que estabelece para si mesmo.
Como passaporte entre a estética e a sociedade, a obra de
arte, vocifera ao povo, embrutecido pelas atividades produtivas, seu conteúdo intelectual
e na sensibilidade artística expressa no símbolo seja o poema, a gravura ou a
canção. A constância do trabalho da inteligência moderado pelo esforço da
seriedade da paciência, conduzindo uma atividade acercada de sacrifício e
renuncia, alcança uma economia dos sentidos na qual a transfiguração do
pensamento é de tal maneira, que distinto de um esoterismo e um personalismo,
permite a invenção de por um lado, uma cultura filosófica da arte, e por outro,
uma ciência que encontre seu lugar no mundo das artes de acordo com as
tradições de pensamento.
O deciframento que nos permite o exercício da tradução opera
em tal nível de significação que essa decodificação simbólica permite uma
reinvenção no plano da linguagem sociológica no atuar no campo artístico, partindo
primeiramente da elasticidade das categorias para ao longe da ilusão conceitual
que ordena as análises dos símbolos e signos poéticos e literários de então.
A estética, num sentido posto entre a linguagem e a função,
se consolida numa questão de crítica do valor ou da obra, onde a imagem poética
essa insígnia da ideia, esse rebento da criação difere-se em tudo do esnobismo metafórico
e caracteriza-se na mais fina descrição da elegância. Esse refinamento conduz o
crítico entre os juízos comuns e a mais sofisticada distinção, que busca pela
particularidade da diferença, ou seja, pela peculiaridade e não pela imitação o
reconhecimento de uma arte francamente de bom tom.
Essa “ratio”, que
se aproxima da revelação através de um anuncio de possíveis discursos e suas
origens intermediam a interpretação. A força intelectual empregada opera um
jogo entre tradições, ideologias e contra-ideologias, bem como entre a cultura,
a sabedoria e uma consciência da mudança e do valor de renovação das rupturas
frente às conservações e regularidades.
A crítica se rebela ante a domesticação da linguagem. Também
as formas dogmáticas do conhecimento literário como os manuais e outros, sofrem
com a contracultura operada pela crítica para a renovação dos sentidos. Ao
mesmo tempo, que a tradução por sua vez realiza uma ação (re)criadora e de
decodificação cultural. Esse deciframento do espírito assegura a liberdade da experiência.

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