sábado, 4 de abril de 2015

A “NOÇÃO DE PESSOA” E A ETNOGRAFIA


Desde quando Hobbes, em seu Leviatã, desenvolve a noção de sujeito sob a forma da categoria de “pessoa”, seja ela a personagem com seu papel em dramas sagrados – cosmológicos – ou quando no caso do uso de máscaras, seja quando define a pessoa jurídica e a pessoa moral, a entidade metafisica ligadas a substâncias e modos, ou em relação à valores, pode-se pensar sociologicamente em uma noção de pessoa, sujeito, e então nas suas visões de indivíduos no contexto das relações sociais.

Na modernidade, Geertz discute a construção da noção de pessoa a partir da etnografia, esta que representa o fazer etnográfico por meio de uma ciência interpretativa da antropologia, ativa na análise de símbolos e a utilização da “descrição densa” no recurso busca por profundidade na procura dos significados dos fenômenos sociais.

O conceito de Cultura, marcado pelo entendimento weberiano de uma teia de significados, estabelece a “ação social dotada de sentido” superando a aparência da realidade e suas contradições, no exercício de compreensão do real como um texto onde se deve operar o desvelamento e decifração do simbólico como ponto chave do mundo moderno – mundo suprassensível da cultura e o mundo inteligível das estruturas socioculturais.


Enquanto James Clifford pontua o debate acerca da linguagem etnográfica observada entre os pontos de vista da literatura e da ciência antropológica. O jogo entre interpretação e descrição leva à compreensão e explicação do real em relação ao simbólico. Enfim, a Antropologia sobreviverá e se tornará cada vez mais necessária enquanto se aprofundam as questões d’ alteridade – abismos entre nós e o “Outro”.